Entre o luar e o arvoredo...
Entre o luar e o arvoredo,
Entre o desejo e não pensar
Meu ser secreto vai a medo
Entre o arvoredo e o luar.
Tudo é longínquo, tudo é enredo.
Tudo é não ter nem encontrar.
Entre o desejo e não pensar
Meu ser secreto vai a medo
Entre o arvoredo e o luar.
Tudo é longínquo, tudo é enredo.
Tudo é não ter nem encontrar.
Entre o que a brisa traz e a hora,
Entre o que foi e o que a alma faz,
Meu ser oculto já não chora
Entre a hora e o que a brisa traz.
Tudo não foi, tudo se ignora.
Tudo em silêncio se desfaz.
Fernando Pessoa
2 comentários:
Lindo este texto.. profundo..
Amei..
[*****.**]
Só um Ser Imenso como Tu.. usaria as palavras de Nietzche e Pessoa como uma segunda pele.
Retenho, de ambos os textos, algumas frases que me fazem meditar:
1- «Um homem tem que estar preparado para se queimar na sua própria chama: como se pode renovar sem primeiro se transformar em cinzas«?
Há vivências que nos consomem o corpo, a alma, o espírito...
Que nos conduzem à imolação.
Dessa combustão interior.. renascemos Fénix’s, expurgados de devires passados;
2- « Entre o que foi e o que a alma faz,
Meu ser oculto já não chora
(...)
Tudo em silêncio se desfaz.»
Mais uma vez denoto, aqui, a tal imolação interior.
Não um grito;
Não a mágoa de todas as coisas serem fragmentos;
Antes.. Resignação.
Beijo-te a Alma*
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