segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Entre o luar e o arvoredo...



Entre o luar e o arvoredo,
Entre o desejo e não pensar
Meu ser secreto vai a medo
Entre o arvoredo e o luar.
Tudo é longínquo, tudo é enredo.
Tudo é não ter nem encontrar.

Entre o que a brisa traz e a hora,
Entre o que foi e o que a alma faz,
Meu ser oculto já não chora
Entre a hora e o que a brisa traz.
Tudo não foi, tudo se ignora.
Tudo em silêncio se desfaz.

Fernando Pessoa

2 comentários:

Aeynisia disse...

Lindo este texto.. profundo..

Amei..

[*****.**]

Sentires Cruzados disse...

Só um Ser Imenso como Tu.. usaria as palavras de Nietzche e Pessoa como uma segunda pele.

Retenho, de ambos os textos, algumas frases que me fazem meditar:

1- «Um homem tem que estar preparado para se queimar na sua própria chama: como se pode renovar sem primeiro se transformar em cinzas«?


Há vivências que nos consomem o corpo, a alma, o espírito...
Que nos conduzem à imolação.
Dessa combustão interior.. renascemos Fénix’s, expurgados de devires passados;


2- « Entre o que foi e o que a alma faz,
Meu ser oculto já não chora
(...)
Tudo em silêncio se desfaz.»

Mais uma vez denoto, aqui, a tal imolação interior.
Não um grito;
Não a mágoa de todas as coisas serem fragmentos;
Antes.. Resignação.

Beijo-te a Alma*